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Avaliação da quimioprofilaxia como estratégia para vigilância de contatos de hanseníase

Abstract

A hanseníase permanece como problema de saúde pública no Brasil e isso pode estar relacionado coma baixa exploração de ferramentas que se mostram promissoras no controle da doença. A quimioprofilaxia de contatos faz uso de antibióticos já disponibilizados pela rede pública de saúde e apresenta-se como uma ferramenta eficaz na prevenção do desenvolvimento da doença em indivíduos infectados sem sinais clínicos. Em paralelo, a análise espacial em saúde tem gerado um elevado número de informações sobre a transmissão da doença e pode permitir acompanhar o desfecho de intervenções por quimioprofilaxia. Desse modo, o presente estudo objetivou avaliar o efeito da quimioprofilaxia como estratégia para vigilância de contatos de hanseníase em um estudo pioneiro com acompanhamento de longo prazo em uma área geográfica continental e de altíssima endemia. Trata-se de três tipos de estudo interdependentes, um transversal, um de intervenção de comunidades e um de coorte prospectivo, realizados nas cidades de Açailândia e Imperatriz, no Maranhão. O estudo foi iniciado em 2009 e teve continuidade até 2019. Contatos sadios de pacientes recém-diagnosticados receberam ROM (Rifampicina, Ofloxacina e Minociclina) em duas doses, com intervalo de 28 dias e foram anualmente convocados para realizar exames físicos dermatoneurológicos, testes sorológicos, bem como atualização de endereços para fins de georreferenciamento. O estudo demonstrou uma proteção média de 4,3 vezes para os contatos que realizaram quimioprofilaxia em comparação com aqueles não medicados. A eficácia média da intervenção foi de 76,51%. Uma análise estratificada evidenciou que a eficácia varia de acordo com o tipo de contato, chegando até 100,00% para contatos extradomiciliares (p=0,0081), bem como a quimioprofilaxia apresenta maior proteção em contatos com sorologia negativa (p<0.0001). As análises espaciais demonstraram que na cidade de Imperatriz, Maranhão, Brasil houve uma redução no coeficiente de detecção de casos de hanseníase em 38,4%, bem como mudança no perfil de distribuição da doença, considerando que em 2010 os casos estavam mais concentrados, e ao final do estudo em 2019 haviam menos aglomerados e maior dispersão nessa distribuição. Assim, nós demonstramos a importância da quimioprofilaxia com esquema ROM como estratégia complementar nos programas de combate à hanseníase, especialmente em áreas de alta endemia com elevada dinâmica populacional. Contudo, mais estudos precisam ser realizados para avaliar diferentes esquemas terapêuticos e dosagens da quimioprofilaxia, expandindo a aplicação em um número maior de contatos domiciliares, bem como ampliando as estratégias e o período de acompanhamento desses indivíduos, considerando a complexidade desse tipo de estudo e adequado controle das variáveis que interferem no desfecho clínico final.

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Thesis